Imunização previne verrugas genitais, câncer anal, displasias e lesões pré-cancerígenas anais
São Paulo, 06 de dezembro de 2011
– Especialistas do Comitê Consultivo de Práticas de Imunização dos
Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (uma
espécie de Programa Nacional de Imunização do Brasil) votaram a favor da
recomendação de que meninos de 11 a 12 anos de idade sejam vacinados
com a vacina quadrivalente (conhecida comercialmente como Gardasil)
contra o Papilomavírus Humano (HPV). A imunização é recomendada para
prevenir verrugas genitais causadas pelo HPV tipos 6 e 11 e o câncer
anal causado pelos tipos 16 e 18 do vírus, displasias e lesões
pré-cancerígenas anais causadas pelo HPV tipos 6, 11, 16 e 18.
O
comitê também decidiu pela manutenção da inclusão da vacina
quadrivalente no programa público de Vacinas para Crianças, tanto para
homens como para mulheres. Além disso, recomendou que a vacina
quadrivalente seja administrada em homens de 13 a 21 anos de idade que
não tenham sido anteriormente vacinados ou que não tenham completado a
série de três doses, e que a série de vacinação seja iniciada aos 9 anos
de idade ou a critério de cada médico.
Propagação
A
infecção por HPV atinge cerca de 630 milhões de pessoas no mundo.
Estima-se que os tipos 16 e 18 do vírus causem de 40% a 50% dos cânceres
vulvares e 70% dos cânceres vaginais, bem como 85% dos casos de câncer
anal nas mulheres. A infecção pelo HPV também está relacionada a cerca
de 40% dos casos de câncer de pênis e de 70% a 80% dos de câncer anal em
homens. Para se ter uma ideia, oito em cada dez indivíduos sexualmente
ativos entrarão em contato com o vírus no decorrer de suas vidas.
Nos
Estados Unidos, estima-se que de 75% a 80% dos homens e mulheres serão
infectados pelo HPV durante a vida. Para a maioria, o HPV desaparece
espontaneamente. No entanto, para aqueles que não eliminam determinados
tipos, o HPV pode causar câncer de colo do útero, vaginal e vulvar em
mulheres, além de câncer anal e verrugas genitais em homens e mulheres.
Não existe uma forma de se prever quais pessoas eliminarão ou não o
vírus.
O
HPV pode permanecer no organismo sem qualquer sintoma por meses e até
anos. Os tumores malignos, por exemplo, podem demorar de 10 a 20 anos
para se desenvolver. A probabilidade de contágio também é alta, varia de
50% a 80%, e o vírus pode ser transmitido mesmo que esteja latente (sem
manifestação visível).
A
maioria dos tipos de HPV não causa nenhum tipo de sintoma e desaparece
espontaneamente sem tratamento, o que significa que muitas pessoas não
sabem que são portadoras. Por esse motivo, o HPV extrapola o controle
tradicional das DSTs. Pode propagar-se por meio de contato com mão,
pele, roupa e objetos, embora seja menos provável. Nesse cenário, é
extremamente importante levar em consideração outros meios de prevenção.
Sobre a vacina quadrivalente
A
vacina quadrivalente contra o HPV é a única que protege contra quatro
tipos do papilomavírus humano (6, 11, 16 e 18). Atualmente é indicada,
no Brasil, para meninas e mulheres de 9 a 26 anos para a prevenção de
cânceres de colo do útero, da vulva e da vagina causados pelo HPV tipos
16 e 18, das verrugas genitais provocadas pelo HPV tipos 6 e 11 e das
lesões pré-cancerosas ou displásicas causadas pelo HPV tipos 6, 11, 16 e
18.
Em
maio de 2011, a vacina quadrivalente contra o HPV também foi aprovada
pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para a prevenção
de verrugas genitais causadas pelo HPV 6 e 11 em meninos e homens de 9 a
26 anos. A aprovação tem como base estudo publicado no New England Journal of Medicine, que comprova a redução de 90% das lesões genitais externa.
O
estudo clínico, que acompanhou 4.065 homens de 16 a 26 anos em 18
países, comprova a eficácia da vacina contra lesões relacionadas aos
tipos 6,11, 16 ou 18 do HPV. O objetivo da pesquisa era demonstrar que a
vacina quadrivalente contra o HPV reduz a incidência de lesões genitais
externas, comparado ao grupo placebo. A mesma investigação comprova a
eficácia da vacina na prevenção de câncer anal em homens e mulheres para
a prevenção de neoplasia intraepitelial (lesão precursora de câncer)
anal causada pelos tipos de HPV 16 e 18 em homens e mulheres de 9 a 26
anos de idade.
Em
dezembro de 2010, a vacina quadrivalente foi aprovada nos Estados
Unidos pelo Food and Drug Administration para a prevenção de câncer anal
causado por HPV tipos 16 e 18 e para a prevenção da neoplasia
intra-epitelial anal em homens e mulheres de 9 a 26 anos de idade.
A
vacina quadrivalente contra o HPV é administrada em três doses, com
aplicação intramuscular. A primeira pode ser aplicada em data escolhida,
a segunda dose é administrada dois meses após a primeira e a terceira
dose, seis meses após a primeira. O impacto da vacinação em termos de
saúde coletiva se dá pela vacinação de um grande número de mulheres em
todo o mundo, com a ‘imunidade de grupo’, ou seja, diminui a transmissão
entre as pessoas. O papilomavírus humano também causa lesões mutilantes
das genitálias feminina e masculina.
Original disponível em: http://www.akna.com/emkt/tracer/?1,673911,5d86644b,429f