29 março 2011

Sustentabilidade na Saúde

Muito se tem ouvido falar em sustentabilidade, os ecologistas foram os pioneiros em defender os ambientes naturais e a sua exploração pelo homem. A seguir vieram os arquitetos, preocupados com a poluição visual das grandes cidades e com o desperdício de fontes energéticas e da água nas edificações modernas. Os economistas pegaram carona nessa idéia e logo lançaram a idéia da economia sustentável, ou seja, vamos gastar com inteligência para não faltar logo ali adiante, pena que eles mesmos não tenham se utilizado do próprio discurso para evitar a crise econômica mundial.

Mas o que dizer de Saúde Sustentável? Podemos poupar nossa saúde para alcançarmos a longevidade? Não se trata desse tipo de sustentabilidade que me refiro ao tratar do tema no âmbito da saúde pública. Acontece que a Constituição Federal garante atenção integral à saúde a todo habitante dentro de nossas fronteiras, mas não apresenta a fórmula, quase mágica, para cumprir com essa determinação. Não bastasse essa informação legal, temos uma população com um nível distorcido de suas necessidades de saúde, ainda somos impelidos a comprar idéias mirabolantes impostas pela indústria farmacêutica e de equipamentos hospitalares. É cada vez mais presente a busca por meios diagnósticos sofisticados e medicamentos que prometem curas que até Deus duvida.

Como compatibilizar pacientes cada vez mais exigentes e recursos proporcionalmente mais finitos e escassos?


Parece que a sustentabilidade se encaixa nesse delicado contexto e vai exigir muito dos profissionais envolvidos com a população em geral, especialmente aquelas de baixa renda e tênue condição cultural. Cabe aos médicos, dentistas, enfermeiros, agentes comunitários e todos aqueles envolvidos, direta e indiretamente com esse tipo de público, começar um trabalho determinado a mostrar que noventa (90) por cento dos casos de saúde pública são gerenciados e resolvidos no nível primário e que exames sofisticados devem ter sua hora e vez nos momentos em que forem exigidos, de forma que não sejam desperdiçados apenas para agradar um paciente mais informado ou para agilizar o atendimento que acontece aos borbotões no dia-a-dia das unidades básicas de saúde.

Sustentabilidade significa atendimento humanizado, com o tempo adequado para escutar as queixas dos pacientes, mas expressa também o cumprimento das orientações prescritas, pois não bastam prescrições extensas de medicamentos para cada um dos sintomas apresentados, se o paciente não seguir com a dieta solicitada, não atender aos pedidos de fazer uma atividade física regular, entre outras demandas, nenhum remédio será eficaz sozinho, nenhum exame, por mais aprimorado que seja, será capaz de impedir a progressão de patologias crônicas e degenerativas, presentes com mais freqüência em uma população que alcança alturas recordes de longevidade.

Faz-se vital pensar em soluções com esse grau de resolutividade, sob pena de vermos nossos recursos se esvaírem em pouco tempo e a saúde ser apenas uma meta constitucional, sem a menor possibilidade de ser alcançada.

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