06 maio 2011

Colaboradores x Sabotadores

uma reflexão sobre o ambiente profissional da saúde

Enquanto o sonho de todo gestor é ter colaboradores em sua equipe, na maioria das vezes: nem colaboradores e muito menos equipe. A vida nas empresas, sejam elas micro, pequenas ou grandes, é repleta de relações que nem sempre estão de acordo com os objetivos e metas traçadas pela instituição. Fatores pessoais, ambientais e culturais costumam impactar de maneira decisiva no desempenho dos trabalhadores.

O ambiente profissional da saúde mostra-se caótico em sua origem e nas suas demandas socioculturais, desde a necessidade de sustentar aos seus clientes potenciais uma máscara de sacerdócio, até as importantes diferenças de formação entre seus prestadores diretos. A saúde brasileira admite que coexistam sob um mesmo contexto “cuidadores”, “agentes de saúde”, auxiliares, técnicos e profissionais com curso superior em diversas castas, dos recém-formados até os doutores de fato, em inúmeras profissões que deveriam ser complementares entre si, mas que se mostram competitivas por espaços mal definidos e instâncias que beiram o belicoso.

Como motivar e recrutar esforços de toda essa gama de pessoas e seus próprios interesses em torno de um objetivo maior? Claro que não há uma prescrição óbvia e muito menos uma solução universal que possa ser aplicada a todas as organizações que atuam no setor saúde, pois, não bastasse a complexidade de seus atores, também tem ela (a saúde) sua própria estrutura montada sobre pilares de múltiplos interesses, cujas vontades muitas vezes são conflitantes ou manipuladas por grupos de explícito poder e reconhecida parcialidade.

Um espaço desordenado por natureza é muito mais que um desafio, trata-se de verdadeiro exercício de paciência e atenção. Entender as necessidades dos diferentes intérpretes desse ambiente é o início do processo, mas cabe ao gestor pensar no modelo de liderança a ser empregado em suas várias etapas de contato com o cliente, visto que as necessidades desse último são delicadas e entremeadas de forte fator emocional. Um cliente adoecido, ou em vias de adoecer, quer atenção, rapidez, atenção novamente, confiabilidade e resultados acima da média de quaisquer atos de consumo em outras áreas de sua convivência. Trata-se da vida das pessoas e não de bens ou serviços que permitem admitir maior variabilidade em suas soluções e resultados.

Cabe ao gestor definir sua estratégia e, fundamentalmente, comunicá-la aos seus públicos de relacionamento (interno e externo). Táticas compartilhadas mostram-se mais eficazes do que aquelas impostas através de decretos e castigos. Assumir parte da responsabilidade pelos resultados é o grande diferencial no desempenho dos trabalhadores na saúde. Não bastam conhecimentos técnicos compartimentalizados e estanques, é preciso uma coalizão de interesses, em prol da empresa, do cliente e dos resultados profissionais e sociais resultantes.

Um gestor que se preze quer Resultados, isso mesmo, resultados com “R” maiúsculo, mas cabe a ele (e mais ninguém) estabelecer as regras de fato do jogo, montar o time e apostar nele, acreditar nele. Não existe possibilidade de meio termo e meias-conversas, não há espaço para parcialidade no trato com sua equipe e todos devem entender o início, o meio e o fim do processo. Os mais fracos devem ser amparados e os mais afoitos devem ser sutilmente brecados, para que o deslocamento do todo se mostre coeso e forte. Não cabem derrotados ou vencedores em um time, ou todos perdem ou todos ganham.

Aprender a superar diferenças e conseguir comunicar os verdadeiros objetivos comuns, mesmo em detrimento aos interesses pessoais é o que faz um líder ter em sua equipe somente colaboradores, porém o inverso (e mais comum) é valorizar uns, disseminar desconfiança, distribuir castigos e impor decisões de cima para baixo e vai se alcançar o ápice da sabotagem. Não falo em atitudes intencionais, maldade pela maldade, mas isso é só questão de tempo se o chefe continuar cego e insensível.

A escolha é sua: o time vai atuar unido, acredite: colaborando ou sabotando.

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