A Medicina é uma arte, um sacerdócio, disso ninguém duvida
ou coloca em suspeita. Porém, ao mesmo tempo todos aceitam o fato de que de
médico e louco todo mundo tem um pouco. Na primeira uma verdade irrefutável, na
segunda um mito totalmente desprovido de lógica.
Para que alguém chegue a condição de médico ele deve ter
passado por diversas e árduas etapas, que iniciam muito antes da fase
universitária, pois para ser estudante de medicina há que superar um sem
números de concorrentes, todos eles bem preparados, porém somente alguns terão
a chance de entrar para o seleto grupo de acadêmicos da medicina.
É durante o período de universidade que as provações
mostram-se mais penosas e nem todos conseguem alcançar a glória da formatura.
Até esse instante só existem glórias. O drama começa no “Day after”, pois após tantas agruras, imagina-se o Olimpo para quem
já ultrapassou todas essas fases... coitado!
Não imagina o recém-formado que o mundo conspira contra,
qualquer um desconfia de seus diagnósticos e uma minoria segue suas orientações.
Lamentável. Até os balconistas de farmácia sabem mais que ele. Lamentável. Caso
peça exames complementares, bons técnicos mostram-se seus algozes e cravam
pesadas farpas em suas hipóteses. Lamentável.
Quando o profissional alcança um status mais ameno e já consegue estabelecer suas hipóteses, apesar
das nefastas influências do meio onde está inserido, surge o fantasma do
“retorninho”. Já não basta acolher, escutar, examinar, formular hipóteses,
prescrever e arcar com a responsabilidade desses atos e ainda tem que escutar
quando será o “retorninho”, em outras palavras: quando irá prestar um novo
atendimento a custo zero, dividindo por dois aquilo que recebeu como honorários
no primeiro momento. Lamentável.
A legislação brasileira já reconhece a inexistência dessa
monstruosidade, mas a cultura popular insiste em manter viva uma prática que
desmotiva, descaracteriza e inviabiliza a atividade profissional médica.
Até quando?
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